Para bares e casas de show, onde aglomerações costumam ser maiores, cenário é ainda pior
Mônica Scaramuzzo e Fernando Scheller, O Estado de S.Paulo
04 de abril de 2020 | 15h00
O “efeito psicológico” do novo coronavírus deverá contaminar o setor de restaurantes até o fim deste ano, de acordo com Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O fator medo, na visão de Solmucci, vai ter um peso no comportamento do consumidor em 2020. “O ‘novo normal’ não será o do movimento de antigamente. Acredito que só teremos uma recuperação mais forte no fim do segundo semestre.”
A aposta de que o movimento do comércio e dos serviços voltará aos poucos não é baseada só em previsões, mas também no comportamento da clientela na semana anterior à determinação da quarentena horizontal. Houve um “sumiço” gradual dos consumidores à medida que a notícia do confinamento se espalhou. “Na segunda-feira da semana anterior, a queda do movimento foi de 10%. Na quinta-feira, os restaurantes já perceberam uma baixa de 70%”, diz Solmucci. A Abrasel, portanto, não espera que a liberação do funcionamento acarrete uma “corrida” a restaurantes.
No início da crise do coronavírus, restaurante no Rio de Janeiro já registrava movimento baixo Foto: Wilton Junior/Estadão
Piores cenários. Se o cenário já é ruim para os restaurantes, a Abrasel diz acreditar que a situação de bares e casas de shows – onde a aglomeração de pessoas costuma ser ainda maior – será mais delicada.
Outra atividade comum no Brasil que precisará se reinventar, pelo menos por algum tempo, são os restaurantes de comida a quilo. Isso porque, como os clientes circulam as bandejas de comida, a chance de contaminação dos alimentos aumenta bastante. “Dessa forma, acredito que os restaurantes a quilo terão de se reinventar nos próximos tempos, talvez com uma oferta de atendimento a la carte”, diz Solmucci.
Fonte: Estadão