As sócias Candy Saavedra e Barbara Burnier tiveram ideia depois da dificuldade em encontrar pratos asiáticos veganos. Negócio foi fundado há apenas um ano
Quando Candy Saavedra, 44, decidiu migrar do vegetarianismo para o veganismo, teve muita dificuldade para localizar comida japonesa sem ingredientes de origem animal. “Só encontrava sushis de pepino e manga, nada que fosse saboroso”, lembra. Barbara Burnier, 38, sua atual sócia no delivery de comida japonesa JapaVegana, comprou a ideia de mergulhar no ramo e preencher essa lacuna no mercado. “Ambas somos apaixonadas pela comida asiática. Resolvemos nos especializar no negócio e na cozinha, unindo a alimentação à base de plantas à essa culinária tão especial, criando sabores surpreendentes”, explica Barbara
As duas já haviam empreendido, separadamente, no ramo de audiovisual, logo não tinham nenhuma experiência com alimentação. “Nos especializamos na área de alimentação fora do lar, fizemos nosso plano de negócios e, com a ajuda inicial de profissionais de cozinha vegana e oriental, começamos nosso negócio”, explica Barbara.
Número de veganos é estimado em 7 milhões
As empreendedoras escolheram um nicho em pleno crescimento para investir. Ainda não há números oficiais sobre veganos no Brasil, mas 14% de pessoas se declararam vegetarianas no último censo realizado pelo Ibope Inteligência, em abril de 2018. O crescimento foi de 75% em relação ao levantamento de 2012. Em cidades como Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo (onde a JapaVegana está instalada) este percentual sobe para 16%.
Com base nestes números, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) estima que existam cerca de 7 milhões de veganos no País. Eles consideram uma pesquisa do Ipsos Mori Institute, do Reino Unido, que identifica tendência de 33% de adesão ao veganismo dentro do universo de vegetarianos. Além disso, a organização contabiliza cerca de 240 restaurantes exclusivamente vegetarianos e veganos no país.
Liderança e pesquisas e orgânicos são os maiores desafios
Candy e Barbara investiram cerca de R$ 60 mil para a inauguração do negócio, há quase um ano. Hoje, a JapaVegana vale mais de R$ 750 mil. “Os maiores desafios foram liderar pessoas, que é um grande aprendizado; gerir a área financeira, que requer muito controle; e executar o projeto da forma como havíamos planejado desde o início. Estamos muito contentes por conseguirmos crescer, criar uma equipe comprometida e que trabalha feliz.”, explica Barbara.
Outro desafio constante é o de inovação. Candy e Barbara precisam se debruçar sobre pesquisas do mercado de alimentação para criar constantemente novos pratos e sobremesas diferentes. Encontrar e administrar ingredientes orgânicos também é uma maratona. “A cenoura precisa ter um tamanho e uma espessura ideal para determinado corte, caso contrário, há muita perda. Por isso utilizamos alguns alimentos orgânicos e outros não. Criar pratos saudáveis e sustentáveis é um grande desafio”, explica Barbara.
Sem desperdício
Justamente pela dificuldade de encontrar os alimentos, as sócias procuram aproveitar o máximo possível de cada um, desde o talo até a casca, para evitar desperdício. “Pensando nisso, criamos um caldo de legumes que nos possibilita aproveitar quase tudo o que antes era descartado.”, explica Barbara.
Além da alimentação vegana, elas quiseram tornar o negócio todo sustentável, com premissas de cuidado com o meio ambiente. Para isso, adotaram embalagens biodegradáveis e retornáveis, o que, consequentemente, gera mais trabalho. “A pesquisa das embalagens é constante, pois além do custo ser consideravelmente maior que o plástico, muitas vezes as vendas são descontinuadas pela falta de demanda, e nós precisamos estar sempre atentas a isso.”, explica Barbara.
Elas afirmam que o esforço vale a pena e que é uma forma de incentivar outras empresas a seguirem o mesmo caminho. “Os clientes só elogiam nossa iniciativa, o que nos mostra que estamos indo pelo caminho certo. O lixo é um grande problema mundial, e precisamos pensar e agir agora, antes que seja tarde demais.”
Planos de ampliação
O tíquete médio atual é de R$ 68, com opções de combinados de R$ 36,90. O valor médio calculado é numa mescla do pedido feito com entrada, prato principal e sobremesa. A empresa atende pelos canais iFood, Instagram e WhatsApp. Barbara diz que já negociações também com Rappi e Uber Eats.
Para 2020, elas pretendem expandir o horário de atuação, poisatualmente é restrito ao jantar. “Queremos também ampliar nossa participação em eventos e feiras e estamos estudando a viabilidade de franquear.”
Fonte: Pequenas Empresas, Grandes Negócios